Se tu soubesses,
que tudo o que de mais alto
poderás ambicionar,
está ao alcance das tuas mãos.
Se tu soubesses,
que a razão máxima,
da existência das tuas mãos,
é encontrar outras mãos.
Se tu soubesses,
quanta divindade,
ganham as tuas mãos,
quando acariciam.
Se tu soubesses,
compreender estas verdades,
nunca vazias,
tuas mãos fecharias.
Ana Silva
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Lamento
O que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
Ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
Amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
O que vamos fazer amanhã
Que não seja um ajuste de contas?
O que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
Numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fusilem
o teu corpo talvez seja meu.
Mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?
Vasco Graça Moura
neste caso de amor desesperado?
Ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
Amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
O que vamos fazer amanhã
Que não seja um ajuste de contas?
O que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
Numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fusilem
o teu corpo talvez seja meu.
Mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?
Vasco Graça Moura
Sem ti
E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
Sem álamos,
Sem luas.
Só nas minhas mãos,
Ouço a música das tuas.
Eugénio de Andrade
É um silêncio sem ti,
Sem álamos,
Sem luas.
Só nas minhas mãos,
Ouço a música das tuas.
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Segredo
Guardo um segredo dentro de mim,
Sou um segredo em ti,
E em segredo, só em segredo,
Sei que olhas para mim.
Guardo um medo dentro de mim,
Sou o medo em ti,
E com medo, só em segredo,
Tentas aproximar-te de mim.
Guardo um desejo dentro de mim,
Sou o desejo em ti,
E com desejo, só em segredo,
Pousas as tuas mãos em mim.
Guardo um grito dentro de mim,
Sou o grito em ti,
E com um grito, só em segredo,
Sussurras o teu amor por mim.
Guardo um vazio dentro de mim,
Sou o vazio em ti,
E com um vazio, só em segredo,
Esperas que o entregue a ti.
Sou um segredo em ti,
E em segredo, só em segredo,
Sei que olhas para mim.
Guardo um medo dentro de mim,
Sou o medo em ti,
E com medo, só em segredo,
Tentas aproximar-te de mim.
Guardo um desejo dentro de mim,
Sou o desejo em ti,
E com desejo, só em segredo,
Pousas as tuas mãos em mim.
Guardo um grito dentro de mim,
Sou o grito em ti,
E com um grito, só em segredo,
Sussurras o teu amor por mim.
Guardo um vazio dentro de mim,
Sou o vazio em ti,
E com um vazio, só em segredo,
Esperas que o entregue a ti.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Desejos
Esta noite adormeço a chorar...
Porque não te consigo encontrar,
Porque apenas teimas em mostrar
Tudo o que não me podes dar.
Tantas vezes te procurei...
Outras em que te alcancei,
Mas nunca te quis segurar,
E entreguei-te depois de te amar.
Mas hoje queria dar-te a mão,
Lutaria para contigo ficar,
Para sempre neste lugar!
Limpa-me as lágrimas com um beijo,
Não me permitas apagar este desejo,
Chega-te de mim e deixa-te estar!
Porque não te consigo encontrar,
Porque apenas teimas em mostrar
Tudo o que não me podes dar.
Tantas vezes te procurei...
Outras em que te alcancei,
Mas nunca te quis segurar,
E entreguei-te depois de te amar.
Mas hoje queria dar-te a mão,
Lutaria para contigo ficar,
Para sempre neste lugar!
Limpa-me as lágrimas com um beijo,
Não me permitas apagar este desejo,
Chega-te de mim e deixa-te estar!
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
O medo
Tenho medo,
Sim, medo,
M-e-d-o, com todas as letras,
MEDO,
De te perder,
De te cansares, de mim,
De partires,
De me deixares,
De te desapaixonares,
Desiludires,
De renunciares,
De não te ter, para sempre.
Medo, medo, medo.
Mas depois…
Depois abraço-te,
(ou tu abraças-me),
Beijo-te,
(ou tu beijas-me),
Olho-te no olhos,
(ou tu olhas nos meus),
E ele foge,
Desaparece,
Não existe,
Não se sente,
Já não se diz,
Nem se escreve,
Letras mortas caídas no chão,
Varridas com o lixo,
Substituídas por outras, amor,
A-M-O-R.
José Leonardo
Sim, medo,
M-e-d-o, com todas as letras,
MEDO,
De te perder,
De te cansares, de mim,
De partires,
De me deixares,
De te desapaixonares,
Desiludires,
De renunciares,
De não te ter, para sempre.
Medo, medo, medo.
Mas depois…
Depois abraço-te,
(ou tu abraças-me),
Beijo-te,
(ou tu beijas-me),
Olho-te no olhos,
(ou tu olhas nos meus),
E ele foge,
Desaparece,
Não existe,
Não se sente,
Já não se diz,
Nem se escreve,
Letras mortas caídas no chão,
Varridas com o lixo,
Substituídas por outras, amor,
A-M-O-R.
José Leonardo
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Esfera
Por sinal, essa esfera que me tentava sem me olhar,
Nada mais era do que um som
Que me levava a tentar fugir de ti… sair de ti…
Uma vez mais, sem saber porquê,
Desisti para te dizer:
Não dá mais, quero mais…
Se não for assim,
Esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais!
Mais, mais…
Quero mais…
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…
Só assim dá para mim conseguir que não doa mais,
Que me deixes ir,
Que me libertes de ti, que não me faças sentir,
E eu não quero cair, não me posso entregar
Sem que percebas que não podes julgar,
E eu quero tentar, poder acreditar
Que o aperto cá dentro
Um dia vai acabar,
E o monstro em mim, não irá sucumbir,
Não desfalece por não conseguir
Que olhes para mim, que me faças existir,
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…
Pedro Khima
Nada mais era do que um som
Que me levava a tentar fugir de ti… sair de ti…
Uma vez mais, sem saber porquê,
Desisti para te dizer:
Não dá mais, quero mais…
Se não for assim,
Esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais!
Mais, mais…
Quero mais…
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…
Só assim dá para mim conseguir que não doa mais,
Que me deixes ir,
Que me libertes de ti, que não me faças sentir,
E eu não quero cair, não me posso entregar
Sem que percebas que não podes julgar,
E eu quero tentar, poder acreditar
Que o aperto cá dentro
Um dia vai acabar,
E o monstro em mim, não irá sucumbir,
Não desfalece por não conseguir
Que olhes para mim, que me faças existir,
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…
Pedro Khima
Inquietude
Bateram!
Perguntou, quem era,
É a inquietude dentro de ti...
Ele abriu.
Pediu para entrar,
Convidou-a a sentar,
Deixou-a olhar,
Ouvio-a falar...
- Vens para ficar?
Perguntou ele,
- Até me acalmares!
Respondeu.
As palavras não a acalmam,
Apenas a agitam,
É como uma criança,
Sedenta de mudança.
Entra e sai,
Quando quer,
Não bate mais,
Toma agora conta dele!
Perguntou, quem era,
É a inquietude dentro de ti...
Ele abriu.
Pediu para entrar,
Convidou-a a sentar,
Deixou-a olhar,
Ouvio-a falar...
- Vens para ficar?
Perguntou ele,
- Até me acalmares!
Respondeu.
As palavras não a acalmam,
Apenas a agitam,
É como uma criança,
Sedenta de mudança.
Entra e sai,
Quando quer,
Não bate mais,
Toma agora conta dele!
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Efémero
Se apenas te pudesse ver,
Se te beijasse uma única vez,
Se essa vez se repetisse,
E se me quebrasse!
Se te desse o que podia,
Se te falasse uma vez,
Se essa vez se repetisse,
E se te enfeitiçasse!
Tão inconstante esta alegria,
Com um sopro se desvia,
E de repente se repudia!
Tão efémera a felicidade,
Com um gesto se desvanece,
E de repente se entristece!
Se te beijasse uma única vez,
Se essa vez se repetisse,
E se me quebrasse!
Se te desse o que podia,
Se te falasse uma vez,
Se essa vez se repetisse,
E se te enfeitiçasse!
Tão inconstante esta alegria,
Com um sopro se desvia,
E de repente se repudia!
Tão efémera a felicidade,
Com um gesto se desvanece,
E de repente se entristece!
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Solidão
Estar sozinho é mais que não te ter,
É ver-te caminhar e não te acompanhar,
É perceber que não te vejo crescer,
É saber-te e não te poder amar!
Estar contigo foi mais que te ter,
Foi ver-te sempre sorrir ao acordar,
Foi tocar-te e continuar a acreditar,
Foi amar-te sem querer parar!
E assim que me deixaste, senti,
E assim que voaste, parei,
E assim que partiste, morri,
E quando renasceste, chorei!
É ver-te caminhar e não te acompanhar,
É perceber que não te vejo crescer,
É saber-te e não te poder amar!
Estar contigo foi mais que te ter,
Foi ver-te sempre sorrir ao acordar,
Foi tocar-te e continuar a acreditar,
Foi amar-te sem querer parar!
E assim que me deixaste, senti,
E assim que voaste, parei,
E assim que partiste, morri,
E quando renasceste, chorei!
Autopsicobiografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Fogo
Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.
Pablo Neruda
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.
Pablo Neruda
Formas
O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.
São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.
Fernando Pessoa
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.
São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Vaidosa
Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.
Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração como as estátuas.
E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loira e doirada como as messes,
E possuis muito amor... muito amor-próprio.
Cesário Verde
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.
Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração como as estátuas.
E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loira e doirada como as messes,
E possuis muito amor... muito amor-próprio.
Cesário Verde
Versos
Rasga esses versos que te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve onde for!
Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada de um momento!
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...
Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente…
Rasga os meus versos…pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...
Florbela Espanca
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve onde for!
Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada de um momento!
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...
Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente…
Rasga os meus versos…pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...
Florbela Espanca
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Espero
Tenho-te saudades,
Quando estás longe,
E não te ouço chamar por mim.
Mas não o sabes.
Tenho-te saudades,
Quando estás perto,
A um gesto, a um passo,
Mas não te toco.
Tenho-te saudades,
Quando te quero,
E não te vejo olhar por mim,
Mas não o sentes.
Tenho-te saudades,
Quando não te quero,
Tão distante, tão ausente,
Mas não te aperto.
Quando me esquecer de ti,
Quando te esqueceres de mim,
Vou esperar-te como dantes,
Mas não to digo.
Quando estás longe,
E não te ouço chamar por mim.
Mas não o sabes.
Tenho-te saudades,
Quando estás perto,
A um gesto, a um passo,
Mas não te toco.
Tenho-te saudades,
Quando te quero,
E não te vejo olhar por mim,
Mas não o sentes.
Tenho-te saudades,
Quando não te quero,
Tão distante, tão ausente,
Mas não te aperto.
Quando me esquecer de ti,
Quando te esqueceres de mim,
Vou esperar-te como dantes,
Mas não to digo.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Nós
Pedes para eu te ensinar a esperança
E eu digo-te
Que, apesar das secas e das inundações,
Não podemos deixar de semear os campos
Para fazer crescer.
Pedes para eu te pintar o amor
E eu dou-te uma folha em branco,
Porque o branco é a soma de todas as cores,
E numa folha vazia,
Poderás pintar o que quiseres.
Pedes para eu te contar histórias da terra,
Com os olhos da lua
E eu conto-te as histórias,
Dos meninos com esperança,
Que nunca deixaram de semear o amor.
Pedes que eu fique contigo para sempre,
E eu digo que sim,
E tu acreditas sem pestanejar,
Ensinando-me a beleza e a força da confiança,
Que eu procuro.
Eu não te peço nada,
E tu dás-me tudo.
Ana Teresa Silva
E eu digo-te
Que, apesar das secas e das inundações,
Não podemos deixar de semear os campos
Para fazer crescer.
Pedes para eu te pintar o amor
E eu dou-te uma folha em branco,
Porque o branco é a soma de todas as cores,
E numa folha vazia,
Poderás pintar o que quiseres.
Pedes para eu te contar histórias da terra,
Com os olhos da lua
E eu conto-te as histórias,
Dos meninos com esperança,
Que nunca deixaram de semear o amor.
Pedes que eu fique contigo para sempre,
E eu digo que sim,
E tu acreditas sem pestanejar,
Ensinando-me a beleza e a força da confiança,
Que eu procuro.
Eu não te peço nada,
E tu dás-me tudo.
Ana Teresa Silva
Raiz da Pele
Guardo na raiz da pele,
Os gritos, as emoções,
Os desesperos, os medos,
A raiva, o ódio e a perfídia
Os sonhos as frustrações,
As cicatrizes das feridas
Que a vida em mim foi abrindo,
Os mistérios e os segredos.
Guardo na raiz da pele
A verdade do que sou.
Deixo que à flor da pele
Emerja a máscara, o sorriso,
O jogo de gato e rato,
Onde, estando, nunca estou.
Guilherme de Melo
Os gritos, as emoções,
Os desesperos, os medos,
A raiva, o ódio e a perfídia
Os sonhos as frustrações,
As cicatrizes das feridas
Que a vida em mim foi abrindo,
Os mistérios e os segredos.
Guardo na raiz da pele
A verdade do que sou.
Deixo que à flor da pele
Emerja a máscara, o sorriso,
O jogo de gato e rato,
Onde, estando, nunca estou.
Guilherme de Melo
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Sorri
Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar para ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.
Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.
Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?
Fernando Pessoa
Quando estava a olhar para ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.
Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.
Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?
Fernando Pessoa
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Ela
Passei toda a noite, sem dormir,
Vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes
Do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é
Quando me fala,
E em cada pensamento ela varia,
De acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela,
E eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
Vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes
Do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é
Quando me fala,
E em cada pensamento ela varia,
De acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela,
E eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
O amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar para ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente,
Cala: parece esquecer,
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse,
Para saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar para ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente,
Cala: parece esquecer,
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse,
Para saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
domingo, 11 de novembro de 2007
A ti...
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Excerto de “A débil” Cesário Verde
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Excerto de “A débil” Cesário Verde
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Escolhas
Que os meus beijos,
Sejam o caminho,
Para os teus sonhos,
Que não sejam o rumo,
Dos teus pesadelos,
Que não te atormentem,
Não te façam parar,
Porque têm veneno,
Capaz de matar,
Que apenas,
Te satisfaçam desejos,
Sem nada em troca levar.
Sejam o caminho,
Para os teus sonhos,
Que não sejam o rumo,
Dos teus pesadelos,
Que não te atormentem,
Não te façam parar,
Porque têm veneno,
Capaz de matar,
Que apenas,
Te satisfaçam desejos,
Sem nada em troca levar.
Decisões
Esta dor que não sai,
Que não morre,
Que não vai,
Não me deixa pensar.
Este sofrimento,
Este desalento,
Como um mandamento,
Obrigado a respeitar.
Uma decisão!
A tortura de a tomar!
Esta solidão,
Que me enche agora o coração,
E o deixa a transbordar.
Que não morre,
Que não vai,
Não me deixa pensar.
Este sofrimento,
Este desalento,
Como um mandamento,
Obrigado a respeitar.
Uma decisão!
A tortura de a tomar!
Esta solidão,
Que me enche agora o coração,
E o deixa a transbordar.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Celebração
Sinto o cheiro,
Que se entranha,
Que me deixa respirar,
Quero senti-lo de vez,
Para com ele em mim ficar.
Provo o beijo,
Sem sequer me importar,
Nesta noite de mudança,
Com o mundo a celebrar.
Que se entranha,
Que me deixa respirar,
Quero senti-lo de vez,
Para com ele em mim ficar.
Provo o beijo,
Sem sequer me importar,
Nesta noite de mudança,
Com o mundo a celebrar.
Coisas
Levo coisas tuas,
Para poder estar contigo,
Na distância,
Para nunca te perder a companhia,
Mesmo não estando,
Levo gravado o teu gesto,
O pranto, o riso, e
(ora inocente, ora picante)
O teu sorriso,
Que é a tua expressão,
O teu maior encanto,
E levo um objecto,
Teu pertence,
Como se o espaço tivesse autoridade
E o tempo nos afastasse…
Como se fosse preciso…
Margarida Faro
Para poder estar contigo,
Na distância,
Para nunca te perder a companhia,
Mesmo não estando,
Levo gravado o teu gesto,
O pranto, o riso, e
(ora inocente, ora picante)
O teu sorriso,
Que é a tua expressão,
O teu maior encanto,
E levo um objecto,
Teu pertence,
Como se o espaço tivesse autoridade
E o tempo nos afastasse…
Como se fosse preciso…
Margarida Faro
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Dias
Já notaste,
Que os dias estão mais curtos,
Mas que demoram mais a passar,
Que o mundo inteiro à minha volta,
Precisava de parar!
Por eles caem,
Palavras soltas,
Sonhos desfeitos,
Medos perfeitos,
Amores imperfeitos.
Por elas sobem,
Desejos adiados,
Sorrisos marcados,
Pensamentos reservados,
Poemas inacabados…
Sou pequena demais,
Para o desejar,
Mas tudo o que queria,
Era apenas um dia,
Para passá-lo a acreditar!
Que os dias estão mais curtos,
Mas que demoram mais a passar,
Que o mundo inteiro à minha volta,
Precisava de parar!
Por eles caem,
Palavras soltas,
Sonhos desfeitos,
Medos perfeitos,
Amores imperfeitos.
Por elas sobem,
Desejos adiados,
Sorrisos marcados,
Pensamentos reservados,
Poemas inacabados…
Sou pequena demais,
Para o desejar,
Mas tudo o que queria,
Era apenas um dia,
Para passá-lo a acreditar!
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Nocturno
Tão deste mar, serena, te tornaste,
Tão confundida em mim, tão estranha (e triste),
Que no teu corpo enlaço o meu, por cada haste,
E no meu rosto, o teu, se entrança em riste.
Se perguntarem por mim, diz
Que me perdi
Se é que passa, permito-me
A tempo,
O tempo aldrabar.
Estou
À construção, em traços, entalo-me
Por ti. Em ti me vou.
Tão vasta me pareces. Tecido artesanal.
E de silêncio.
Grava-me os dedos pelo rosto.
Diz-me qualquer. Lugar daqui tão longe.
(se perguntarem por mim, diz-lhes que estou.
Diz-lhes que volto, ainda. Hoje)
Eduardo Sá
Tão confundida em mim, tão estranha (e triste),
Que no teu corpo enlaço o meu, por cada haste,
E no meu rosto, o teu, se entrança em riste.
Se perguntarem por mim, diz
Que me perdi
Se é que passa, permito-me
A tempo,
O tempo aldrabar.
Estou
À construção, em traços, entalo-me
Por ti. Em ti me vou.
Tão vasta me pareces. Tecido artesanal.
E de silêncio.
Grava-me os dedos pelo rosto.
Diz-me qualquer. Lugar daqui tão longe.
(se perguntarem por mim, diz-lhes que estou.
Diz-lhes que volto, ainda. Hoje)
Eduardo Sá
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Inverno
Quando estiver frio
Quero…
Que me aqueças,
Que te enrosques,
Que não me esqueças.
Quando a chuva cair,
Quero…
Que me protejas,
Que te faça sentir,
Que não me desenlaces.
Quando a neve gelar,
Quero…
Que me derretas,
Que te abrigues,
Que não me prometas.
E Quando o Inverno se varresse,
Queria…
Que me cercasses,
Como se estivesse frio.
Que me cobrisses,
Como se a chuva caísse.
Que me abraçasses,
Como se a neve gelasse.
Quero…
Que me aqueças,
Que te enrosques,
Que não me esqueças.
Quando a chuva cair,
Quero…
Que me protejas,
Que te faça sentir,
Que não me desenlaces.
Quando a neve gelar,
Quero…
Que me derretas,
Que te abrigues,
Que não me prometas.
E Quando o Inverno se varresse,
Queria…
Que me cercasses,
Como se estivesse frio.
Que me cobrisses,
Como se a chuva caísse.
Que me abraçasses,
Como se a neve gelasse.
Depois
Depois dela,
Fiquei assim,
A balançar ao vento,
Sem vela.
Depois dela,
Perdi o norte,
E dancei na chama,
Sem sela.
Depois dela,
Procurei a estrela,
E caminhei pela memória,
Sem trela.
Depois dela,
Espreitei a alma,
E encontrei um vagabundo,
Sem terra.
Depois dela,
Fiquei assim,
Sem mim,
E sem ela.
Jorge Araújo
Fiquei assim,
A balançar ao vento,
Sem vela.
Depois dela,
Perdi o norte,
E dancei na chama,
Sem sela.
Depois dela,
Procurei a estrela,
E caminhei pela memória,
Sem trela.
Depois dela,
Espreitei a alma,
E encontrei um vagabundo,
Sem terra.
Depois dela,
Fiquei assim,
Sem mim,
E sem ela.
Jorge Araújo
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Promessa
Prometeram um ao outro um dia de praia!
Nunca cumpriram a promessa...
Beijaram-se à primeira oportunidade!
O amor é tão exagerado!
Pedro M.
Nunca cumpriram a promessa...
Beijaram-se à primeira oportunidade!
O amor é tão exagerado!
Pedro M.
Memórias
As minhas memórias são,
Ténues,
Vagas,
Dissipadas,
São memórias sem,
Importância,
Relevância,
Ou fragrância.
As tuas memórias são,
Vida,
Presença,
Movimento,
São memórias com,
Calor,
Desejo,
Vontade.
Mas a memória já não arde…
Ténues,
Vagas,
Dissipadas,
São memórias sem,
Importância,
Relevância,
Ou fragrância.
As tuas memórias são,
Vida,
Presença,
Movimento,
São memórias com,
Calor,
Desejo,
Vontade.
Mas a memória já não arde…
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