sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Tão Fácil
Amar-te é tão fácil...
Tão fácil como o teu sorriso amigo,
De uma simplicidade sem fim...
Um toque teu e estremeço...
Num beijo renasço...
No teu olhar a liberdade
De um vôo eterno
E de um sonho
Escondido em mim...
Vera Martins
Tão fácil como o teu sorriso amigo,
De uma simplicidade sem fim...
Um toque teu e estremeço...
Num beijo renasço...
No teu olhar a liberdade
De um vôo eterno
E de um sonho
Escondido em mim...
Vera Martins
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
O tempo
O tempo somente sabe que passa,
Não sabe quem leva, nem quem quer,
Depois de tantas lutas inglórias,
Já não sabe o que tecer.
É aqui que entras tu, para o amparar,
E dia após dia, sob uma maré fria,
Não tens medo de congelar,
Apenas ajudas o tempo a compor o seu lugar.
O teu sorriso vem de uma estrela,
O olhar, vem de um outro cintilar,
O teu movimento é como um vento,
Que tudo irá devastar.
As tuas mãos como pequenos grãos de areia,
Desfazem-se num chocar,
Com as duras rochas negras,
Que procuram um lugar.
Não sabe quem leva, nem quem quer,
Depois de tantas lutas inglórias,
Já não sabe o que tecer.
É aqui que entras tu, para o amparar,
E dia após dia, sob uma maré fria,
Não tens medo de congelar,
Apenas ajudas o tempo a compor o seu lugar.
O teu sorriso vem de uma estrela,
O olhar, vem de um outro cintilar,
O teu movimento é como um vento,
Que tudo irá devastar.
As tuas mãos como pequenos grãos de areia,
Desfazem-se num chocar,
Com as duras rochas negras,
Que procuram um lugar.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Canção
Pus o meu sonho num navio,
E o navio em cima do mar;
- E depois abri o mar com as mãos,
Para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
Do azul das ondas entreabertas,
E a cor que escorre dos meu dedos
Colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
A noite se curva de frio,
Debaixo da água vai morrendo
Meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quando for preciso,
Para fazer com que o mar cresça,
E o meu navio chegue ao fundo,
E o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
Praia lisa, águas ordenadas,
Meus olhos secos como pedras
E as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
E o navio em cima do mar;
- E depois abri o mar com as mãos,
Para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
Do azul das ondas entreabertas,
E a cor que escorre dos meu dedos
Colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
A noite se curva de frio,
Debaixo da água vai morrendo
Meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quando for preciso,
Para fazer com que o mar cresça,
E o meu navio chegue ao fundo,
E o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
Praia lisa, águas ordenadas,
Meus olhos secos como pedras
E as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
Entrega
Fica aqui entregue uma parte de mim,
O que irás fazer dela, senão estimá-la,
Não te pediria muito mais, nunca mais,
Senão quando o tempo quente voltasse.
Deixo entregue às tuas mãos, o calor,
O que farás dele, senão mantê-lo,
Não quereria muito mais, para não perdê-lo
Senão quando a chuva caísse.
Dá-me então as tuas mãos,
Para que as possa guardar,
Serei cuidadosa, por certo,
É o meu calor que estás a levar.
Dá-me uma parte de ti,
Para que te possa também prezar.
Aceito que deixes em mim,
Tudo o que me quiseres confiar.
O que irás fazer dela, senão estimá-la,
Não te pediria muito mais, nunca mais,
Senão quando o tempo quente voltasse.
Deixo entregue às tuas mãos, o calor,
O que farás dele, senão mantê-lo,
Não quereria muito mais, para não perdê-lo
Senão quando a chuva caísse.
Dá-me então as tuas mãos,
Para que as possa guardar,
Serei cuidadosa, por certo,
É o meu calor que estás a levar.
Dá-me uma parte de ti,
Para que te possa também prezar.
Aceito que deixes em mim,
Tudo o que me quiseres confiar.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
XVL
Não estejas longe de mim um dia que seja, porque,
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia,
e estarei à tua espera como nas estações
quando em algum sítio os comboios adormeceram.
Não te afastes uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insónia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda o meu coração perdido.
Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas palavras não voem:
não te vás por um minuto ò bem-amada,
porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.
Pablo Neruda em Cem sonetos de amor
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia,
e estarei à tua espera como nas estações
quando em algum sítio os comboios adormeceram.
Não te afastes uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insónia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda o meu coração perdido.
Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas palavras não voem:
não te vás por um minuto ò bem-amada,
porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.
Pablo Neruda em Cem sonetos de amor
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração,
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração,
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
Sempre
Do teu passado
não tenho ciúmes.
Vem com um homem
às costas,
vem com cem homens nos cabelos,
vem com mil homens entre o peito e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados,
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo!
Trá-los a todos
ao lugar onde te espero:
estaremos sempre sós,
estaremos sempre, tu e eu,
sozinhos sobre a terra,
para começar a vida!
Pablo Neruda
não tenho ciúmes.
Vem com um homem
às costas,
vem com cem homens nos cabelos,
vem com mil homens entre o peito e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados,
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo!
Trá-los a todos
ao lugar onde te espero:
estaremos sempre sós,
estaremos sempre, tu e eu,
sozinhos sobre a terra,
para começar a vida!
Pablo Neruda
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Aceitação
É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens
e sentir passar as estrelas
do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos.
É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano
E assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas,
que desejar que apareças, criando com o teu simples gesto
o sinal de uma eterna esperança.
Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar,
nem tu.
Desenrolei de dentro do tempo a minha canção:
não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar.
Cecília Meireles
e sentir passar as estrelas
do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos.
É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano
E assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas,
que desejar que apareças, criando com o teu simples gesto
o sinal de uma eterna esperança.
Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar,
nem tu.
Desenrolei de dentro do tempo a minha canção:
não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar.
Cecília Meireles
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Se...
Se ontem não te conhecia,
Hoje reconheço os teus passos,
Se ontem não te queria,
Agora quero-te nos meus braços!
Se me conseguisses ouvir falar,
Se te pudesse embalar,
Se me fizesse escutar,
Se te levasse o ar!
Se amanhã não te tentar,
E nunca mais te notar,
Se nos tentar enganar,
Farás o tempo parar?
Hoje reconheço os teus passos,
Se ontem não te queria,
Agora quero-te nos meus braços!
Se me conseguisses ouvir falar,
Se te pudesse embalar,
Se me fizesse escutar,
Se te levasse o ar!
Se amanhã não te tentar,
E nunca mais te notar,
Se nos tentar enganar,
Farás o tempo parar?
Proximidade
Estamos à distância invisível de um corpo,
Estamos ao toque insensível de uma mão,
Estamos no limiar da diferença,
Que separa o meu, do teu coração!
Estamos sem ar à nossa volta,
Porque todos o respiram, menos nós,
Não sentimos movimento em redor,
Porque o afastamos para estar sós!
Com a rapidez de um raio, perco a luz,
Com o derreter da noite, fico assim,
Como um frio que sobe em mim!
Porque começo a perder-te, na rua,
Porque me arrastam além de mim,
E me deixam tão aquém de ti!
Estamos ao toque insensível de uma mão,
Estamos no limiar da diferença,
Que separa o meu, do teu coração!
Estamos sem ar à nossa volta,
Porque todos o respiram, menos nós,
Não sentimos movimento em redor,
Porque o afastamos para estar sós!
Com a rapidez de um raio, perco a luz,
Com o derreter da noite, fico assim,
Como um frio que sobe em mim!
Porque começo a perder-te, na rua,
Porque me arrastam além de mim,
E me deixam tão aquém de ti!
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Instantes
- Imóvel!
Apenas os olhos se agitam,
Apressam-se na tua direcção,
E logo que te encontram,
Grita um sobressalto no coração.
- Impaciente!
É um bater forte, com clareza,
Mas que se esbate na ausência,
Que se esfuma na incerteza,
De ser uma só delicadeza.
- Em Branco!
Há um capítulo por escrever,
Há tantas folhas para virar,
A tentação de te enredar insiste,
A dúvida agora persiste!
- Será a vez de uma história triste?
Apenas os olhos se agitam,
Apressam-se na tua direcção,
E logo que te encontram,
Grita um sobressalto no coração.
- Impaciente!
É um bater forte, com clareza,
Mas que se esbate na ausência,
Que se esfuma na incerteza,
De ser uma só delicadeza.
- Em Branco!
Há um capítulo por escrever,
Há tantas folhas para virar,
A tentação de te enredar insiste,
A dúvida agora persiste!
- Será a vez de uma história triste?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Como um Gato
Há dias, sabes,
em que gostavade ser como o gato
e que me tocasses
sem desejar encontrar
quaisquer sentimentos
a não ser o que se exprime
num espreguiçar muito lento
- um vago agradecimento? -
e que depois me deixasses
deitado no sofá sem que
nada pudesses levar
da minha alma,
pois nem saberias
o que dela roubar.
Pedro Paixão
em que gostavade ser como o gato
e que me tocasses
sem desejar encontrar
quaisquer sentimentos
a não ser o que se exprime
num espreguiçar muito lento
- um vago agradecimento? -
e que depois me deixasses
deitado no sofá sem que
nada pudesses levar
da minha alma,
pois nem saberias
o que dela roubar.
Pedro Paixão
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
O dia!
Qual será o dia, meu amor?
Em que a coragem te trará para perto,
Em que os teus olhos me beijarão,
E nada mais seja como foi, até então!
À proximidade de um suspiro,
Que teima em revelar-se num sorriso,
Sem palavras, sem gestos, sem sabor,
Qual será o dia meu amor?
Virás uma noite, sob a luz da lua,
Olharás mais uma vez, mas de vez,
E perguntar-me-ás se serei tua.
Será melhor parar o tempo alado?
Qual será o dia meu amor?
Que estaremos lado a lado!
Em que a coragem te trará para perto,
Em que os teus olhos me beijarão,
E nada mais seja como foi, até então!
À proximidade de um suspiro,
Que teima em revelar-se num sorriso,
Sem palavras, sem gestos, sem sabor,
Qual será o dia meu amor?
Virás uma noite, sob a luz da lua,
Olharás mais uma vez, mas de vez,
E perguntar-me-ás se serei tua.
Será melhor parar o tempo alado?
Qual será o dia meu amor?
Que estaremos lado a lado!
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
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