sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A Vocês!

Desejo um feliz natal,
A todos os amigos e família,
Espero que os vossos sonhos se realizem,
E se este ano não foi o melhor, outros virão,
Melhores e com mais alegrias...
Porque o que interessa é estarmos todos juntos!

Espero que passem esta época,
Com aqueles que mais gostam,
Que comam muitos doces,
E recebam muitas prendinhas no sapatinho...
Mesmo que de vez em quando se tenham portado mal!!
Afinal o Pai Natal já está velhote, e um bocado pitosga!!

Bom a mensagem está dada, é natal e não dá para ser muito original.

Muitos beijinhos para todos e os votos de um excelente Natal!

Chat Noir

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

És tu

Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amnhã.
Faze-te sem limites no tempo.

Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.

Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.

Cecília Meireles

Não Digas

Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.

Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.

Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.

Cecilia Meireles

Zanzi Bar

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Por Mim

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
Quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – Me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo.
Que desejas? Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra …)
Quero solidão.

Cecília Meireles

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e a minha procura
ficará sendo a
minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Era assim:

Queres?
Queres algo?
Queres desejar?
Desejas querer?
Desejas-me?
Desejas querer-me?
Queres desejar-me?
Queres querer-me?
Queres que te deseje?
Desejas que te queira?
Queres que te queira?
Quanto me
queres?
Quanto me
desejas?
Ah, quanto te quero
quando te quero
quando me queres...

In "Um calculador de improbabilidades"

Ana Hatherly

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Dizemos

O que dizemos,
Ninguém dirá
Como dizemos:
Palavra e gesto
Voz e acento
Calor e ritmo,
É tudo ímpar
É tudo novo
É tudo único.
Somos partículas
Inconfundíveis
Da Eternidade.

Carlos Queirós

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A tarde

Era a tarde mais longa
de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas,
Tardavas e eu entardecia.

Era tarde, tão tarde,
Que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste,
Na tarde qual rosa tardia.

Quando nós nos olhámos,
Tardamos no beijo que a boca pedia,
E na tarde ficámos, unidos,
ardendo na luz que morria.

Em nós dois nessa tarde
Em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite,
Para haver outro dia.

Ary dos Santos

Mar


terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Quero!

Traz-me flores, velas e amores,
Fala-me de sonhos, de paixão,
Conta-me a tua determinação,
Adormece esta aflição!

Traz-me esperança, e sabor,
Fala-me do que é impossível,
Conta-me o que é o amor,
Diz-me se é incompreensível!

Traz-me a tua vida, em chama,
Toca o meu rosto com ternura,
Apaga esta amargura!

Traz-me alento e fantasia,
Mata esta insipidez,
Beija-me de uma vez!

Silêncio

Ausência

Num deserto sem água,
Numa noite sem lua,
Num país sem nome,
Ou numa terra nua.

Por maior que seja o desespero,
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sofia de Mello Breyner

Desertos


segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O Fim

Sinto o fim, a aproximar-se,
Tudo o que vai acontecer,
Sempre soube, avisei-te,
Como ias desaparecer.

Mas assim, fico mais só,
Sem ninguém para esperar,
Mesmo sem nada querer,
Mesmo sem nunca te acreditar.

Continuamos no mesmo lugar,
Ainda que a distância e a ausência,
Nos nossos caminhos se vá vincar.

Não somos mais do que história,
Contada e rasurada,
Sem marcas para deixar.

Fulgor

Eu ontem vi-te...
Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.
E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo, amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse,
Fulgor assim.

Ângelo de Lima

Antes e Depois


sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Se tu soubesses

Se tu soubesses,
que tudo o que de mais alto
poderás ambicionar,
está ao alcance das tuas mãos.

Se tu soubesses,
que a razão máxima,
da existência das tuas mãos,
é encontrar outras mãos.

Se tu soubesses,
quanta divindade,
ganham as tuas mãos,
quando acariciam.

Se tu soubesses,
compreender estas verdades,
nunca vazias,
tuas mãos fecharias.

Ana Silva

Estrela


Lamento

O que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
Ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?

Amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?

O que vamos fazer amanhã
Que não seja um ajuste de contas?
O que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?

Numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fusilem
o teu corpo talvez seja meu.

Mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?

Vasco Graça Moura

Sem ti

E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
Sem álamos,
Sem luas.

Só nas minhas mãos,
Ouço a música das tuas.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Segredo

Guardo um segredo dentro de mim,
Sou um segredo em ti,
E em segredo, só em segredo,
Sei que olhas para mim.

Guardo um medo dentro de mim,
Sou o medo em ti,
E com medo, só em segredo,
Tentas aproximar-te de mim.

Guardo um desejo dentro de mim,
Sou o desejo em ti,
E com desejo, só em segredo,
Pousas as tuas mãos em mim.

Guardo um grito dentro de mim,
Sou o grito em ti,
E com um grito, só em segredo,
Sussurras o teu amor por mim.

Guardo um vazio dentro de mim,
Sou o vazio em ti,
E com um vazio, só em segredo,
Esperas que o entregue a ti.

Imitações


segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Desejos

Esta noite adormeço a chorar...
Porque não te consigo encontrar,
Porque apenas teimas em mostrar
Tudo o que não me podes dar.

Tantas vezes te procurei...
Outras em que te alcancei,
Mas nunca te quis segurar,
E entreguei-te depois de te amar.

Mas hoje queria dar-te a mão,
Lutaria para contigo ficar,
Para sempre neste lugar!

Limpa-me as lágrimas com um beijo,
Não me permitas apagar este desejo,
Chega-te de mim e deixa-te estar!

Liberdade


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O medo

Tenho medo,
Sim, medo,
M-e-d-o, com todas as letras,
MEDO,
De te perder,
De te cansares, de mim,
De partires,
De me deixares,
De te desapaixonares,
Desiludires,
De renunciares,
De não te ter, para sempre.
Medo, medo, medo.

Mas depois…
Depois abraço-te,
(ou tu abraças-me),
Beijo-te,
(ou tu beijas-me),
Olho-te no olhos,
(ou tu olhas nos meus),
E ele foge,
Desaparece,
Não existe,
Não se sente,
Já não se diz,
Nem se escreve,
Letras mortas caídas no chão,
Varridas com o lixo,
Substituídas por outras, amor,
A-M-O-R.

José Leonardo

Aproximação


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Esfera

Por sinal, essa esfera que me tentava sem me olhar,
Nada mais era do que um som
Que me levava a tentar fugir de ti… sair de ti…

Uma vez mais, sem saber porquê,
Desisti para te dizer:
Não dá mais, quero mais…
Se não for assim,
Esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais!
Mais, mais…
Quero mais…
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…

Só assim dá para mim conseguir que não doa mais,
Que me deixes ir,
Que me libertes de ti, que não me faças sentir,
E eu não quero cair, não me posso entregar
Sem que percebas que não podes julgar,
E eu quero tentar, poder acreditar
Que o aperto cá dentro
Um dia vai acabar,
E o monstro em mim, não irá sucumbir,
Não desfalece por não conseguir
Que olhes para mim, que me faças existir,
Por isso esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais…

Pedro Khima

Escape


Inquietude

Bateram!
Perguntou, quem era,
É a inquietude dentro de ti...
Ele abriu.

Pediu para entrar,
Convidou-a a sentar,
Deixou-a olhar,
Ouvio-a falar...

- Vens para ficar?
Perguntou ele,
- Até me acalmares!
Respondeu.

As palavras não a acalmam,
Apenas a agitam,
É como uma criança,
Sedenta de mudança.

Entra e sai,
Quando quer,
Não bate mais,
Toma agora conta dele!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Efémero

Se apenas te pudesse ver,
Se te beijasse uma única vez,
Se essa vez se repetisse,
E se me quebrasse!

Se te desse o que podia,
Se te falasse uma vez,
Se essa vez se repetisse,
E se te enfeitiçasse!

Tão inconstante esta alegria,
Com um sopro se desvia,
E de repente se repudia!

Tão efémera a felicidade,
Com um gesto se desvanece,
E de repente se entristece!

Sabedoria


terça-feira, 20 de novembro de 2007

Solidão

Estar sozinho é mais que não te ter,
É ver-te caminhar e não te acompanhar,
É perceber que não te vejo crescer,
É saber-te e não te poder amar!

Estar contigo foi mais que te ter,
Foi ver-te sempre sorrir ao acordar,
Foi tocar-te e continuar a acreditar,
Foi amar-te sem querer parar!

E assim que me deixaste, senti,
E assim que voaste, parei,
E assim que partiste, morri,
E quando renasceste, chorei!

Autopsicobiografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Fogo

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda

Tigres...


Formas

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Vaidosa

Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.

Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.

Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração como as estátuas.

E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.

Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loira e doirada como as messes,
E possuis muito amor... muito amor-próprio.

Cesário Verde

Voa


Versos

Rasga esses versos que te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve onde for!

Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada de um momento!
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...

Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente…

Rasga os meus versos…pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...

Florbela Espanca

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Santos


Espero

Tenho-te saudades,
Quando estás longe,
E não te ouço chamar por mim.
Mas não o sabes.

Tenho-te saudades,
Quando estás perto,
A um gesto, a um passo,
Mas não te toco.

Tenho-te saudades,
Quando te quero,
E não te vejo olhar por mim,
Mas não o sentes.

Tenho-te saudades,
Quando não te quero,
Tão distante, tão ausente,
Mas não te aperto.

Quando me esquecer de ti,
Quando te esqueceres de mim,
Vou esperar-te como dantes,
Mas não to digo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Nós

Pedes para eu te ensinar a esperança
E eu digo-te
Que, apesar das secas e das inundações,
Não podemos deixar de semear os campos
Para fazer crescer.

Pedes para eu te pintar o amor
E eu dou-te uma folha em branco,
Porque o branco é a soma de todas as cores,
E numa folha vazia,
Poderás pintar o que quiseres.

Pedes para eu te contar histórias da terra,
Com os olhos da lua
E eu conto-te as histórias,
Dos meninos com esperança,
Que nunca deixaram de semear o amor.

Pedes que eu fique contigo para sempre,
E eu digo que sim,
E tu acreditas sem pestanejar,
Ensinando-me a beleza e a força da confiança,
Que eu procuro.

Eu não te peço nada,
E tu dás-me tudo.

Ana Teresa Silva

Ligações


Raiz da Pele

Guardo na raiz da pele,
Os gritos, as emoções,
Os desesperos, os medos,
A raiva, o ódio e a perfídia
Os sonhos as frustrações,
As cicatrizes das feridas
Que a vida em mim foi abrindo,
Os mistérios e os segredos.

Guardo na raiz da pele
A verdade do que sou.
Deixo que à flor da pele
Emerja a máscara, o sorriso,
O jogo de gato e rato,
Onde, estando, nunca estou.

Guilherme de Melo

Azul


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sorri

Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar para ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.

Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.

Depois aperta-me a mão
E vira os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?

Fernando Pessoa

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ela

Passei toda a noite, sem dormir,
Vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes
Do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é
Quando me fala,
E em cada pensamento ela varia,
De acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela,
E eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro

O amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar para ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente,
Cala: parece esquecer,

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse,
Para saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

Destino


domingo, 11 de novembro de 2007

A ti...

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Excerto de “A débil” Cesário Verde

Esforço


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Escolhas

Que os meus beijos,
Sejam o caminho,
Para os teus sonhos,
Que não sejam o rumo,
Dos teus pesadelos,
Que não te atormentem,
Não te façam parar,
Porque têm veneno,
Capaz de matar,
Que apenas,
Te satisfaçam desejos,
Sem nada em troca levar.

Decisões

Esta dor que não sai,
Que não morre,
Que não vai,
Não me deixa pensar.

Este sofrimento,
Este desalento,
Como um mandamento,
Obrigado a respeitar.

Uma decisão!
A tortura de a tomar!

Esta solidão,
Que me enche agora o coração,
E o deixa a transbordar.

Rumos


quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Celebração

Sinto o cheiro,
Que se entranha,
Que me deixa respirar,
Quero senti-lo de vez,
Para com ele em mim ficar.

Provo o beijo,
Sem sequer me importar,
Nesta noite de mudança,
Com o mundo a celebrar.

Coisas

Levo coisas tuas,
Para poder estar contigo,
Na distância,
Para nunca te perder a companhia,
Mesmo não estando,
Levo gravado o teu gesto,
O pranto, o riso, e
(ora inocente, ora picante)
O teu sorriso,
Que é a tua expressão,
O teu maior encanto,
E levo um objecto,
Teu pertence,
Como se o espaço tivesse autoridade
E o tempo nos afastasse…

Como se fosse preciso…

Margarida Faro

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brincadeiras


Dias

Já notaste,
Que os dias estão mais curtos,
Mas que demoram mais a passar,
Que o mundo inteiro à minha volta,
Precisava de parar!

Por eles caem,
Palavras soltas,
Sonhos desfeitos,
Medos perfeitos,
Amores imperfeitos.

Por elas sobem,
Desejos adiados,
Sorrisos marcados,
Pensamentos reservados,
Poemas inacabados…

Sou pequena demais,
Para o desejar,
Mas tudo o que queria,
Era apenas um dia,
Para passá-lo a acreditar!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Nocturno

Tão deste mar, serena, te tornaste,
Tão confundida em mim, tão estranha (e triste),
Que no teu corpo enlaço o meu, por cada haste,
E no meu rosto, o teu, se entrança em riste.

Se perguntarem por mim, diz
Que me perdi
Se é que passa, permito-me
A tempo,
O tempo aldrabar.

Estou
À construção, em traços, entalo-me
Por ti. Em ti me vou.
Tão vasta me pareces. Tecido artesanal.
E de silêncio.

Grava-me os dedos pelo rosto.
Diz-me qualquer. Lugar daqui tão longe.

(se perguntarem por mim, diz-lhes que estou.
Diz-lhes que volto, ainda. Hoje)

Eduardo Sá

Misturas


segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Inverno

Quando estiver frio

Quero…
Que me aqueças,
Que te enrosques,
Que não me esqueças.

Quando a chuva cair,

Quero…
Que me protejas,
Que te faça sentir,
Que não me desenlaces.

Quando a neve gelar,

Quero…
Que me derretas,
Que te abrigues,
Que não me prometas.

E Quando o Inverno se varresse,

Queria…
Que me cercasses,
Como se estivesse frio.
Que me cobrisses,
Como se a chuva caísse.
Que me abraçasses,
Como se a neve gelasse.

Depois

Depois dela,
Fiquei assim,
A balançar ao vento,
Sem vela.

Depois dela,
Perdi o norte,
E dancei na chama,
Sem sela.

Depois dela,
Procurei a estrela,
E caminhei pela memória,
Sem trela.

Depois dela,
Espreitei a alma,
E encontrei um vagabundo,
Sem terra.

Depois dela,
Fiquei assim,
Sem mim,
E sem ela.

Jorge Araújo

Descanso


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Promessa

Prometeram um ao outro um dia de praia!

Nunca cumpriram a promessa...
Beijaram-se à primeira oportunidade!

O amor é tão exagerado!

Pedro M.

Memórias

As minhas memórias são,
Ténues,
Vagas,
Dissipadas,

São memórias sem,
Importância,
Relevância,
Ou fragrância.

As tuas memórias são,
Vida,
Presença,
Movimento,

São memórias com,
Calor,
Desejo,
Vontade.

Mas a memória já não arde…

Agarra


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ameaça

Um dia vais arrepender-te!

Vou fazer-me explodir em palavras diante de ti,
E vamos morrer os dois cravados de sentidos.

Pedro Canais

Beija

Dá-lhe um beijo,
Num ímpeto,
Num embate,
Um conforto,
Um ser inteiro.

Um dia,
Num instante,
Num extremo,
Com requinte,
Um ser sublime.

Dá-lhe um beijo,
Num desígnio,
Numa revolta,
Sem volta,
Um ser perdido.

Uma noite,
Num sumiço,
Num suplício,
Com sussurros,
Um ser paixão.

Telhado


Casa

Se algum dia por acaso,
Eu voltar a rasgar a tua latitude neste planeta,
Podes abocanhar-me,
Caçar-me com os incisivos balançar-me na boca.

Não aceites as minhas habituais desculpas
De nómada
Nem
Acredites quando te disser que tudo o que tenho
Cabe dentro de uma mala.

Começa por esconder-me os sapatos

Convence-me a destruir os mapas de viagem
E a engolir âncoras pedras uma morada
Com número na porta.

Mesmo que o meu desassossego geográfico
Estremeça a perna direita
Debaixo da mesa e agite o metal dos talheres
Não hesites
Leva-me para tua casa

Prova-me que não tenho de apanhar o último comboio da noite
Que incendeia a costa e que me ajuda
A fugir todas as madrugadas

Recebe-me nas zonas sem roupa
Do teu corpo

Manobra-me a língua
Usa-me

Quando a tua carne já não precisar de mim
Amarra-me
Cuida do meu sono temporário

Obriga-me a dizer-te aquilo que os meus dentes
Sem coração nunca autorizaram:

Esta noite durmo contigo.

Hugo Gonçalves

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

2004


Soneto da Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento,
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior encanto,
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento,
E em seu louvor hei de espalhar meu canto,
E rir meu riso e derramar meu pranto,
Ao seu pesar ou seu contentamento,

E assim, quando mais tarde me procure,
Quem sabe a morte, angústia de quem vive,
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor que tive,
Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pedras


Lutas...

Só o que queres ouvir
Não to direi,
Terás que o sentir,
Só assim lutarei.

Guarda as armas,
Aprende a conquistar,
O mundo já caiu por menos,
Só terás que o cativar.

Usa flores,
Esquece os tristes amores,
Enfeita o teu reino,
Só assim vencerás.

Conta histórias,
Dos teus feitos e vitórias,
Engrandece o teu ser,
Só assim me irei render.

Tudo o que já ouviste,
Não irei repetir,
Terás que te lembrar,
Só assim me deixarei embalar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Eternidade


Mudança

Há um tempo em que é preciso,
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo…
E esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre,
aos mesmos lugares.

É o tempo
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Cantigas

Fico à espera no sossego,
Que apareças para me ver,
E tu chegas de mansinho,
Fazendo o meu chão tremer.

Entre ditos e não ditos,
Não há nada para falar,
Eu apago as entrelinhas,
Para continuares a tentar.

Entre o ir e o ficar,
Entre o dar e o não dar
Tu procuras o mistério,
Que me faz desconcertar.

Entre palavras e beijos,
A diferença vai tardar,
Eu faço das tuas minhas,
E dos meus para te dar.

E assim se passam dias,
Em que me vens visitar,
Numa agitação escondida,
Que se espera dissipar.

Deriva


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Choques

O espelho que reflecte,
Num constante ir e vir,
Como um mar que se repete,
E que se apressa em me engolir.

Um reflexo que se move,
Que se lança e me que envolve,
Como uma onda que se agita,
E sobre mim se precipita.

A luz que se acende,
Que me aquece e me prende,
Como uma gota que me sacia,
E numa só corrente me arrepia.

Atalhos


Poética

De manhã escureço,
De dia tardo,
De tarde anoiteço,
De noite ardo.

A oeste a morte,
Contra quem vivo,
Do sul cativo,
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinicius de Moraes

sábado, 20 de outubro de 2007

Escudo


Partes

Hoje dou-te uma parte de mim,
Para amanhã não me esqueceres,
Talvez por não saber o que é melhor,
E não haver razão para entenderes.

Hoje tiro-te uma parte de mim,
Para conheceres quem sou,
Talvez para me procurares,
E em mim te encontrares.

Não te darei uma parte de nós,
Quando a vontade queimar,
E então em alvoroço te poderei afastar.

Dar-te-ei uma parte de nós,
Quando o tempo parar,
E então em surdina te poderei beijar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Alimenta


Ser

Mais mundo,
Mais vida,
Mais tudo,
Ser outro…

Menos exigente,
Menos coerente,
Menos pensante,
Ser diferente…

Menos dor,
Menos lágrimas,
Menos sonhos,
Ser novo…

Mais sangue,
Mais amor,
Mais desejo,
Ser reinventado.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Arrisca


Sente

Não tenhas medo de sentir,
Por pensares que vai doer,
As feridas não vão abrir,
Por as quereres compreender.

Não tenhas medo de cair,
Por pensares que vais parar,
As cicatrizes estão seladas,
Por mais que teimem em rasgar.

Não tenhas medo de falar,
Por haver tanto por dizer,
As palavras estão lançadas,
Por mais que se queiram esconder.

Não tenhas medo de ouvir,
Por haver tanto por contar,
As vidas não estão desmanchadas,
Por mais que se tentem quebrar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Águas


Ainda

E por mais vezes que o sol se ponha,
É em ti que penso,
É em ti que me perco,
É contigo que sonho.

Pela impossibilidade de te ter,
Pelas vezes que te abraço,
Pelas vezes que me despeço,
Pelas vezes que te leio e que te ouço.

E por mais vezes que a lua suba,
É sempre a nós que nos vejo,
Num passado presente,
Num futuro eminente.

Pelas vezes que te tive,
Pelas vezes que me adoras,
Pelas força com que me abraças,
Pelas vezes que me lês e que me ouves.

E por mais vezes que o mundo acabe,
Saberei sempre onde te encontrar,
Saberás sempre o que me dar,
No nosso lado da árvore.


Nós

Eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida eu vou te amar,
Em cada despedida eu vou te amar,
Desesperadamente, eu sei que vou te amar,
E cada verso meu será,
Para te dizer que eu sei que vou te amar,
Por toda minha vida,
Eu sei que vou chorar,
A cada ausência tua eu vou chorar,
Mas cada volta tua há de apagar,
O que esta ausência tua me causou,
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver,
A espera de viver ao lado teu,
Por toda a minha vida.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Burrices


Revelação

Sob a luz,
Não há quem não se revele,
Não há quem não se busque,
Nem quem se complique.

Sob o sol,
Não há quem se modifique,
Não há quem se limite,
Nem quem se prive.

Sob o amor,
Não há quem se oculte,
Não há quem se culpe,
Nem quem não se permita.

Elen

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

domingo, 14 de outubro de 2007

Separação

De repente do riso fez-se o pranto,
Silencioso e branco como a bruma,
E das bocas unidas fez-se a espuma,
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento,
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o pressentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante,
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Kafka


Contenção

As palavras são pesadas,
Quando as queremos conter,
A luz desvanece-se,
A vontade parece desaparecer.

As lágrimas são vidradas,
Quando as queremos conter,
Quando rolam pela face,
Fazem o coração doer.

As angústias são vincadas,
Quando as queremos conter,
Quando nos apertam o peito,
E nos fazem sentir morrer.

Os sorrisos mais queridos,
Quando os queremos conter,
Não devem passar despercebidos,
Não os podemos perder.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Babuja


Viagem

Hoje não sei escrever,
Porque não sei sentir,
Sinto apenas o mundo girar,
Mas não me vejo cair.

Novos desafios prevêem,
Que a rota pode mudar,
Que todos os caminhos,
Um outro rumo me vão mostrar.

E nesta nova viagem,
Ainda vos vou carregar,
Porque fazem parte de mim,
E não vos posso abandonar.

Quando chegar vou brilhar,
Os olhos do chão levantar,
E quem sabe descobrir,
Que consigo voltar a amar.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O sentir

estou demasiado por aí
onde ninguém quer ir
nesta constante espera
do resto dos minutos

e por aí me desfaço
na teia da cidade

cruzadas linhas

das mãos
imaginário traço.

Alberto Estima de Oliveira (Estrutura I)

Respeito


terça-feira, 9 de outubro de 2007

Vendaval

Entro pela tua porta,
Como um vendaval,
Remexo na tua vida,
Impeço a tua saída.

Empurro-te contra o chão,
Suspiro a tua inquietação,
Faço de ti a minha tentação,
Consumo o teu coração,
E sozinho enfim,
Vais querer-me só a mim.

Os teus olhos vão-me olhar,
A minha voz vai-se arrastar,
De encontro a ti,
Sobre ti,
Em ti,
E sozinho enfim,
Vais querer-me só a mim.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Pureza


Beleza


Leveza


Histórias

Era uma vez,
Começa sempre assim,
Mas se te voltasse a ter,
Estarias para sempre em mim,
Caminhava para ti e sorria,
Dava-te a mão e não a largava,
Olhava-te nos olhos,
E via-me feliz,
Sentia-me feliz,
Fazia-te feliz,
Matava a nossa saudade,
Enterrava todas as palavras,
Todos os gestos,
Todos os desgostos,
Encontrava o nosso lugar,
Gravava a nossa história,
Traçava-a na nossa memória,
E o tempo ao passar nos diria,
Que nada mais nos desgastaria,
Que lado a lado continuaríamos,
E que felizes para sempre seríamos,
Porque acaba sempre assim.

sábado, 6 de outubro de 2007

Bello


Naufragar

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu,
tento entender o rumo,
que a vida nos faz tomar,
tento esquecer a mágoa,
guardar só o que é bom de guardar.

Pensa em mim, protege o que eu te dou,
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou,
sem ter defesas que me façam falhar,
nesse lugar mais dentro onde só chega,
quem não tem medo de naufragar.

Fica em mim que hoje o tempo dói,
como se arrancassem tudo o que já foi,
e até o que virá e até o que eu sonhei,
diz-me que vais guardar e abraçar,
tudo o que eu te dei.

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos,
e o mundo nos leve para longe de nós,
e que um dia o tempo pareça perdido,
e tudo se desfaça num gesto só.

Eu vou guardar cada lugar teu,
ancorado em cada lugar meu,
e hoje apenas isso me faz acreditar,
que eu vou chegar contigo,
onde só chega quem não tem medo de naufragar.

Mafalda Veiga

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Ferro


Palavras

Não dizia palavras,
Aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta,
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.

Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias,
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.

Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.

Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.

Luís Cernuda

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Amizade


O sentir

sentámo-nos
no limite da amizade
e trocámos
os lugares
criando novo corpo
outra constelação

espaço
onde começa
a vida

Alberto Estima de Oliveira

Vistas


Tempos

“Perdeste o teu coração,
Mas ainda acreditas,
Poder morrer de amor.”

A vida é demasiado dura,
Para ficar a relembrar,
O passado está vivido,
Talvez nos lembre que foi sofrido,
Mas chorar uma vida inteira,
Não nos fará mudar.

A vida é demasiado pura,
Para ficar a arrastar,
O presente é vivido,
Talvez o mais indeciso,
Mas adivinhar uma vida inteira,
Não nos fará mudar.

A vida é demasiado curta,
Para ficar a divagar,
O futuro está incerto,
Talvez lembre um deserto,
Mas esperar uma vida inteira,
Não nos fará mudar.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Círculo


Volta

Sinto uma saudade,
Que de mansinho me invade,
Uma chama que me consome,
Sobre um sentimento que não morre.

Não te posso olhar,
Não te posso falar,
Não te posso sorrir,
Não te posso tocar,

Sinto uma tristeza,
Que me ataca com leveza,
Um calafrio que me percorre,
Sobre um sonho que não dorme.

Não te posso querer,
Não te posso ver,
Não te posso sentir,
Não te posso ter.

Sinto uma alegria,
Que não me deixa conter,
Uma espécie de euforia,
Sobre a ideia de a ter.

Não a quero esquecer,
Não a posso perdoar,
Não a quero perder,
Não a posso voltar a amar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007