quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Lugar

Só para mim, dizias;
Na esperança de te ler,
De apagar estas palavras,
Que te faziam morrer.

Onde escondia a verdade,
Onde apagava a tristeza,
Onde encontrava a felicidade,
Mas te arrastava em incertezas.

Neste lugar tão escuro,
Neste lugar tão cheio,
Neste lugar tão puro,
Onde tudo soava tão feio.

Mas neste lugar há amor,
Há luz e há fervor,
Senão o lês, senão o vês,
Sente-o em meu redor!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Soneto 47

Entre a minha vista e o meu coração estabeleceu-se um acordo,
E agora cada qual faz ao outro um favor:
Quando os meus olhos estão famintos por um olhar
Ou o coração almejando amar com suspiros que ele mesmo abafa;

Com o retrato do meu amor, então a minha visão entra em festa,
E ao banquete esboçado convida o coração:
De outra feita, os meus olhos são o hóspede do coração,
E em seus pensamentos de amor colabora:

Assim, quer seja por teu retrato, ou por meu amor,
Estás mesmo longe, presente sempre ainda comigo:
Pois não estás mais distante que ao alcance dos meus pensamentos,

E eu estou unido com eles, e eles contigo;
Ou se eles dormem, o teu retrato na minha vista
Desperta o meu coração para a alegria da vista e coração.

William Shakespeare

Caras


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Um Sorriso

Um sorriso, ao de leve,
Basta-me um sorriso de longe,
E sobre um sorrir,
A magia reconstruir!

Procuro-te agora, sempre,
E num instante demente
Vejo-te onde não estás,
Imagino se me conhecerás!

Sobra assim um olhar,
Que paira no ar,
Mas que temo encontrar.

Não sei o que encontrarei,
Sei somente o que vi,
E estava em ti!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Soneto a Quatro Mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado,
Tudo que fala em mim de amor foi dito,
Do nada em mim o amor fez o infinito,
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado,
Tão fácil para amar fiquei proscrito,
Cada voto que fiz ergueu-se em grito,
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse,
Neste meu pobre coração humano,
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano,
Melhor fora que desse e recebesse,
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Lagos


Autor desconhecido

Danças!

Soltam-se assim as memórias,
De um tempo, sem tempo,
Quando não sentia desalento,
E o prazer se confortava num momento!

Recordo-me de não contar os dias,
Passavam de leve como queria,
Deixava-me arrebatar sem tento,
Em perfeitos movimentos.

Cada ocasião andava de feição,
Nunca pensei em dar-te a mão,
Entregava-me à tua provocação.

E olhando assim para trás,
Relembrando a nossa dança,
Sei que a vida é mudança!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Soneto 35

Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o insecto faz seu ninho;

Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;

Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te escuso, e me convenço

Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.

William Shakespeare

Amor em paz

Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz!

Vínicius de Moraes

Memória

Quantas vezes, amor, te amei sem te ver e talvez sem me lembrar,
sem reconhecer teu olhar, sem olhar-te, centáurea,
em regiões hostis, num meio-dia ardente:
tu eras só o aroma dos cereais que amo.

Vi-te talvez, imaginei-te ao passar erguendo uma taça
em Angol, à luz da lua de Junho,
ou eras tu a cintura daquela guitarra,
que toquei nas trevas e soou como o mar desmedido.

Amei-te sem o saber, e procurei a tua memória.
Nas casas vazias entrei com a lanterna para roubar o teu retrato.
Mas eu já sabia como eras.

De repente...enquanto ias comigo toquei-te e a minha vida parou:
estavas diante de mim, reinando sobre mim, e ainda reinas.
Como fogueira nos bosques, o fogo é teu reino.

Pablo Neruda

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Questão?

A paixão que afinal escondes,
Revela-se num sorriso,
Que não consegues evitar,
Que te salta do coração,
Sem que o possas travar.

A amor que ainda te assola,
Revela-se num desprezar,
Que não consegues sentir,
No qual te tentas iludir,
Do qual continuas a fugir.

Será tão errado assim?
Não quereres ainda um fim,
Se te dá força para continuar,
Se te permite continuar a acreditar,
Que na vida ainda há espaço para amar!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Mensagem de Ano Novo

Feliz Ano Novo de 2008

Antes de voltar ao formato original do blog, onde acima de tudo se publicam sentimentos em verso, gostaria de desejar um excelente ano novo para todos. Espero sinceramente que todos os vossos projectos tenham sucesso quer pessoais, quer profissionais e que em todos os momentos do ano estejam rodeados de verdadeiros amigos.
Mais força e sorte em especial para aqueles que vão viver experiências mais intensas e que de certa forma terão de mudar a sua vida para sítios até então desconhecidos no planeta!
Felicidades para todos e bom ano!