terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Soneto a Quatro Mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado,
Tudo que fala em mim de amor foi dito,
Do nada em mim o amor fez o infinito,
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado,
Tão fácil para amar fiquei proscrito,
Cada voto que fiz ergueu-se em grito,
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse,
Neste meu pobre coração humano,
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano,
Melhor fora que desse e recebesse,
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinicius de Moraes

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